UM ESTUDO À DISTÂNCIA E INDIVIDUALIZADO

A Bússola proporcionará ajuda multimédia aos estudantes do 3º ciclo e do ensino secundário que, por opção (ensino doméstico), ou por problemas de saúde, não frequentam a escola.


Possibilitará um canal de transmissão direto entre o professor e o aluno.


Forma de funcionamento:


1º. O aluno ou o Encarregado de Educação deverão enviar um email para geografiaemcasa@gmail.com manifestando vontade de aderir a este projeto.

2º. Em resposta receberão um convite para partilhar uma pasta de Dropbox onde será colocado, ao longo do ano letivo e, à medida da evolução de cada aluno, o material que servirá de apoio ao estudo da disciplina de Geografia.

3º. A evolução do aluno será verificada através de questionários apropriados. As dúvidas que forem surgindo, ou algum esclarecimento extra, serão resolvidos via email.

4º. Este projeto é gratuito.


Porquê um blog?


Porque é um espaço facilmente acessível, cuja estrutura permitirá por um lado dar a conhecer o projeto e permitir o encaminhamento dos alunos, mas também disponibilizar curiosidades geográficas que pretendem dar a conhecer particularidades do Mundo em que vivemos e que podem, de algum modo, enriquecer culturalmente os jovens e satisfazer a sua curiosidade.

02/02/2015

UMA HISTÓRIA DE BÊBEDOS, GENOCÍDIOS E RAPARIGAS NÃO NASCIDAS

Quem nunca ouviu dizer que há 7 mulheres para cada homem? De facto, em termos mundiais e até ao final do século passado, o número de mulheres era superior ao dos homens.
Analisando os dados estatísticos relativos aos nascimentos, em datas e geografias distintas, o número de nascimentos de crianças do sexo masculino foi, invariavelmente, superior ao do sexo feminino, segundo uma paridade aproximada de 105 para 100. No entanto, a partir dos 5 anos de idade o valor invertia-se, acabando o topo da pirâmide com um elevado número de mulheres, o que lhes conferia uma maior esperança média de vida. Um conjunto de fatores eram apontados como responsáveis por essa inversão estatística, sendo as guerras, com a participação exclusiva dos homens, os trabalhos mais pesados e o abuso das bebidas alcoólicas, as mais apontadas. Embora essas premissas se tenham alterado ao longo dos tempos, os dados demográficos mantinham-se inalterados. Se, nos países desenvolvidos, era nas classes etárias mais altas que a diferença entre indivíduos do sexo masculino e feminino era mais notável, com as idosas a continuarem a superar os idosos, nos países em desenvolvimento mantinham-se as tendências primitivas. Os cuidados básicos de saúde, os programas nacionais de vacinação, o acompanhamento médico na gravidez e no primeiro ano de vida do bebé protegeram meninas e meninos nos países desenvolvidos, mantendo-se, ao longo da pirâmide, os diferenciais registados por altura do nascimento e invertendo-se somente a partir da classe etária dos adultos. Ora, face a esta nova situação, foram equacionadas outras premissas que justificassem o predomínio das mulheres no topo da pirâmide. Os movimentos migratórios, no caso das nações, e as características fisiológicas das mulheres, a nível planetário, eram alguns desses exemplos.
Um estudo realizado com os dados demográficos relativos a 2013 deu origem a um artigo interessante, de David Bauer, sob o título “A story of drinkers, genocide and unborn girls”, que pode ser lido em http://qz.com/335183/heres-why-men-on-earth-outnumber-women-by-60-million/ *e que motivou este meu post. Antes de mais, nos nossos dias, os homens ultrapassaram as mulheres em 60 milhões de indivíduos, sendo a China e a Índia (em valores absolutos) os principais “culpados” e, em menor grau, o Paquistão e o Bangladesh. Um “gendercide”, consequência da política do filho único na China (apesar das alterações em relação à lei inicial), os meios de diagnóstico de imagiologia (detetando precocemente o sexo do bebé) responsáveis pelos abortos seletivos, o infanticídio de meninas, a religião e a tradição tornaram obsoleto o rácio “7 mulheres para cada homem”. Em 2013, 49.59% da população mundial eram mulheres. 81 países eram maioritariamente femininos, 37 maioritariamente masculinos e em 75 havia paridade praticamente perfeita de géneros. Segundo o princípio de Fisher, naturalmente, deveriam existir 50% de homens e 50% de mulheres, no Mundo. A maior esperança média de vida das mulheres seria compensada pelo maior número de nascimentos de rapazes (em 2013 foram 107/100). Aumentando a escala, não foram só os países referidos anteriormente que apresentaram um maior número de indivíduos do sexo masculino. Na Península da Arábia, o número elevado de imigrantes do sexo masculino, impedidos de se fazerem acompanhar de mulheres e filhos, origina a singularidade de, no Qatar, o número de mulheres residentes corresponder a menos de um quarto da população total. 
No outro extremo, os estados resultantes da pulverização da antiga União Soviética possuem uma população predominantemente feminina, com a Rússia a liderar o grupo, tendo uma esperança média de vida dos indivíduos do sexo feminino 12 anos mais que a dos indivíduos do sexo masculino. A crise do sistema de saúde após os anos 90 do sec. XX e os enormes valores de alcoolismo foram responsáveis pela diminuição de 6 anos na esperança média de vida dos homens e de 3 anos no caso das mulheres. Os genocídios ocorridos em alguns países do Médio Oriente, Sudeste Asiático e África, deixaram estes países com uma população feminina significativamente superior a anos anteriores. Hong Kong, Sri Lanka e Nepal também assistiram a um maior crescimento da população feminina nas últimas 5 décadas. Nos dois primeiros casos os movimentos migratórios inversos, por sexo, imigração feminina e emigração masculina, criaram uma geração de jovens mulheres cuja única esperança é permanecer solteira.

Nos países com um maior Índice de Desenvolvimento Humano a percentagem de indivíduos dos dois sexos é semelhante. Portugal enquadra-se neste grupo.



* No artigo referido anteriormente encontrará um mapa e um gráfico interativos, muito interessantes, bem como ligações para estudos diversos.

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