UM ESTUDO À DISTÂNCIA E INDIVIDUALIZADO

A Bússola proporcionará ajuda multimédia aos estudantes do 3º ciclo e do ensino secundário que, por opção (ensino doméstico), ou por problemas de saúde, não frequentam a escola.


Possibilitará um canal de transmissão direto entre o professor e o aluno.


Forma de funcionamento:


1º. O aluno ou o Encarregado de Educação deverão enviar um email para geografiaemcasa@gmail.com manifestando vontade de aderir a este projeto.

2º. Em resposta receberão um convite para partilhar uma pasta de Dropbox onde será colocado, ao longo do ano letivo e, à medida da evolução de cada aluno, o material que servirá de apoio ao estudo da disciplina de Geografia.

3º. A evolução do aluno será verificada através de questionários apropriados. As dúvidas que forem surgindo, ou algum esclarecimento extra, serão resolvidos via email.

4º. Este projeto é gratuito.


Porquê um blog?


Porque é um espaço facilmente acessível, cuja estrutura permitirá por um lado dar a conhecer o projeto e permitir o encaminhamento dos alunos, mas também disponibilizar curiosidades geográficas que pretendem dar a conhecer particularidades do Mundo em que vivemos e que podem, de algum modo, enriquecer culturalmente os jovens e satisfazer a sua curiosidade.

24/06/2016

DE EUROPEÍSTA CONVICTA, A EUROCÉTICA




A primeira metade do século XX foi dramática para os povos europeus - duas grandes guerras, a deslocação do eixo de decisão mundial para os EUA, que já se vinha adivinhando no século anterior, a Revolução Russa de Outubro de 1917 e vários outros conflitos, de ordem militar, política e social, transformaram o velho continente. As alterações fizeram-se sentir em termos espaciais, sociais e de mentalidades.
Após a Guerra de 39-45, a concretização da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço estimulou a ideia da criação de uma comunidade alargada, inicialmente de cariz económico, com o objetivo de uma integração mais profunda.  Em 1957 é criada a Comunidade Económica Europeia ou Mercado Comum, bem como a Euratom que, em 1992, pelo Tratado de Maastricht, se converterão, juntamente com a CECA, na Unão Europeia, e cujo objetivo primordial era a promoção da paz, dos seus valores e do bem-estar dos seus povos”. Desde o início (1957) que se tinha em vista uma integração que ia além da economia e, realmente, foi isso que, gradualmente, se verificou.
As primeiras vezes que visitei outros países europeus, vários eram os constrangimentos com que me defrontava: demoras na alfândega, quer à saída, quer à entrada; uma moeda diferente por país; a necessidade de fazer conversões para verificar os preços; o incómodo de transportar vários porta-moedas, um por país a visitar e a sensação de se estar num outro “planeta”. Logo que a livre circulação de pessoas, preconizada em 1957, se efetivou, desapareceram os protocolos alfandegários, uma moeda comum começou a circular e a relativa igualdade perante a lei passou a dar uma “sensação de confiança” quando estamos fora do nosso canto. Na perspetiva do turista só havia vantagens; como na perspetiva do empresário, do estudante e do trabalhador. Éramos um grande país, com diferentes línguas e costumes, mas com leis-base iguais. Em conjunto tínhamos força para enfrentar as economias dos EUA, do Japão, do Mercosur, da Asean, dos Países do petróleo, …, pelo menos em termos comerciais, dada a vantagem que evidenciávamos na negociação com as antigas colónias. Eu era uma europeísta convicta.
Com o decorrer do tempo, as políticas de bastidores, os alargamentos demasiado rápidos (principalmente os que aconteceram já este século) e obscuros (porque deturparam os critérios estabelecidos), a legislação flutuante e personalizada e a ingerência, cada vez mais profunda, na política e na economia de alguns países (nomeadamente em Portugal), criando fortes injustiças, transformaram-me em eurocética.
A efetivação do Brexit não me surpreendeu totalmente. O Reino Unido nunca esteve de “corpo e alma” na CEE ou na UE.
Portugal não esteve no conjunto dos países fundadores, nem o Reino Unido. Procuraram a integração porque quiseram. Fizeram a sua candidatura e, face aos critérios exigidos, foram aceites. Uma vez no grupo passaram a estar sujeitos a direitos e deveres. Não é possível estar, constantemente, a reclamar situações de exceção, como acontece com o Reino Unido. Até hoje, sob a ameaça da saída da UE, conseguiu sempre ficar com a melhor parte da integração.  Ora, desde o tratado de Lisboa que é possível bater com a porta. Os britânicos só foram coerentes com os seus atos. Mas não com a sua vontade… Gostavam da integração económica, de um mercado sempre disponível, de trocas comerciais fiáveis, de comandarem financeiramente a UE e até de passar férias no sul da Europa; mas não gostavam da livre circulação de pessoas porque abria as portas à imigração e aos refugiados; não gostavam da ingerência de Bruxelas na sua casa, nem da burocracia. E, sobretudo, ainda pensam como a metrópole de um grande Império, que já não são.

Neste momento, os problemas para o Reino Unido (internos e externos), bem como para a União Europeia, não são totalmente previsíveis. É a primeira vez que acontece tal situação. Os problemas internos, nomeadamente os de cisão política, não nos compete a nós resolver ou opinar. Quanto aos problemas para a Comunidade, agora amputada de um membro economicamente forte, espero que sejam bem analisados, que não sejam resolvidos por políticas de bastidores e que sejam geridos com responsabilidade e sem regras de exceção. Quanto mais não seja, para prevenir futuras situações semelhantes.

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