MAIS UM…
A
9 de novembro de 1989, o Mundo rejubilou com a queda do Muro de Berlim que,
desde 1961, separava famílias, amigos e desconhecidos, numa Berlim dividida por
motivos político-ideológicos. Com o gesto simbólico de centenas de pessoas a
destruir o Muro, perante a passividade dos guardas armados, terminava uma época
iniciada no final da II Grande Guerra, que assentava na partilha hegemónica entre
duas potências rivais. Chamavam-lhe o “Muro da Vergonha”! Muita tinta correu
entre 1961 e 1989 e após esta última data, sobre o dito Muro: filmes, livros,
reportagens, testemunhos e recuerdos
não deixam o Mundo esquecê-lo. No entanto, antes e depois dele, novos Muros
foram sendo construídos, all around the
World, sem que tivessem ou tenham a notoriedade que este alcançou. Os
motivos alegados para a sua construção são diversos: políticos, religiosos, de
defesa, de proteção contra contrabando e, mais recentemente, para limitar a
imigração.
Sem
dúvida que a vida é mais “fácil” nuns locais, do que noutros. A sucessão de
acontecimentos que constitui a História de cada local ditou essas realidades. É
humano ambicionar viver nos lugares onde a vida é mais “fácil”. E é desumano
impedir que o consigam.
As
imagens reais ou ficcionadas acessíveis a cada vez mais gente; o confronto
entre o modo de vida do lugar onde cada um vive, com aquele que existe noutros
países; a facilidade de movimentação dos dias de hoje e a falta de escrúpulos
de muitos escroques, que pululam por todo o lado, promove a deslocação em massa
de pessoas, em meios de transporte precários e em condições deploráveis, em
busca do “Eldorado”. O que preocupa os políticos dos países recetores é o que
fazer a toda aquela gente. Hipocritamente, a perda de vidas humanas é a face
visível que leva esses políticos a sentirem-se pressionados a resolver o
problema. E a solução é fazer mais um Muro.
Estados
Unidos/México, Israel/Cisjordânia, Marrocos/Sahara Ocidental, Grécia/Turquia,
Coreia do Norte/Coreia do Sul, Chipre, Ceuta, Melilla, Hungria, … já todos têm
Muros. E não são melhores que os Muros dos Guetos de Varsóvia, Lodz, Lviv,
Minsk, Cracóvia ou mesmo daqueles que delimitavam qualquer dos conhecidos
campos de concentração e extermínio, criados pelo regime Nazi Alemão.
Frustrada a
tentativa de funcionamento de uma Sociedade das Nações, foi preciso passar por uma segunda Guerra Mundial para que surgisse a Organização das Nações Unidas. A sua
Carta, muito meritória, proclama a defesa dos Direitos Fundamentais do Ser
Humano, o garante da Paz Mundial, a busca de mecanismos que promovam o
Progresso Social das Nações e a criação de condições que mantenham a Justiça e
o Direito Internacional. A estrutura da ONU é complexa e o seu modo de
funcionamento ainda mais. No entanto, é sua obrigação tomar estes assuntos a
seu cargo. Há anos que fazem, desfazem e mantêm centros de refugiados que
albergam milhões de pessoas fugidas, na maioria das vezes, de guerras
fratricidas. ONDE ESTÁ O GARANTE DA PAZ MUNDIAL?
Os seus Embaixadores da Boa Vontade visitam e dão
visibilidade aos diversos problemas sociais, culturais, económicos, … ONDE
ESTÃO OS MECANISMOS QUE POSSAM PROMOVER O PROGRESSO SOCIAL DAS NAÇÕES E
DEFENDER OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO SER HUMANO?
O que fazem os milhares de funcionários
engravatados que se passeiam pelos diversos edifícios que a Organização possui
espalhados pelo Mundo?
Ainda ninguém pensou que a solução para o problema
dos imigrantes/refugiados passa pela melhoria das condições de vida no país de
origem? É difícil? Ninguém diz que é fácil. MAS PENSEM. PENSEM E ARRANJEM
SOLUÇÕES. É para isso que existem e que recebem um ordenado. Não é para andarem
a correr Mundo a fazer conferências. De conversas está o Mundo cheio.
Não entreguem de mão beijada os fundos de apoio aos
ditadores, corruptos e racistas, que só mantêm o poder à custa as armas e do
medo. Vão ao terreno, apoiem diretamente o povo, tratem-nos, formem-nos,
ensinem-nos a produzir. Mais tarde ou mais cedo serão cidadãos interventivos e
reivindicativos, não querendo viver de esmolas, mas do seu trabalho. Acreditem
nas pessoas e ajudem-nos a libertar-se das elites que os governam.
Mas não podemos imiscuir-nos na governação desses
países, dizem vocês.
NÃO? JÁ NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE O FAZEM.
ACABEM COM OS MUROS.